Acreditamos que é tempo de considerar o uso excessivo das novas tecnologias de mídias como fator impactante na saúde das pessoas! O uso de tecnologia está cada vez mais presente nos diversos contextos de vida1–3 e, em paralelo a este fenômeno, os aparelhos tecnológicos de mídia portáteis–smartphones e tablets, os chamados gadgets–têm crescido em quantidade e tornaram-se uma forma comum de acesso à rede mundial de computadores. A temática é tão emergente que, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios4 (PNAD), ampliou a investigação sobre as formas de acesso à web incluindo dentre estas os celulares e tablets. Os resultados desta pesquisa, divulgados em abril de 2015, apontaram para uma incidência da posse de celular de aproximadamente 131%(2005 a 2013), o correspondente de 73, 9 milhões de novos usuários. Em alguns estados do nosso país, especificamente em cinco deles (Sergipe, Pará, Roraima, Amapá e Amazonas) o acesso à internet, feito apenas por meio de celulares ou tablets, superou o já conhecido microcomputador! Há de se reconhecer que os gadgets ampliam as possibilidades de comunicação para além de uma simples ligação telefônica. Eles disponibilizam recursos bastante atrativos como os jogos em rede, acesso à internet, câmeras de alta definição, compartilhamento instantâneo de informações nas redes sociais, além de outros recursos facilitadores do dia a dia (transações bancárias, checagem de e-mail, videoconferências, etc.), o que os torna, de certa maneira, ferramentas “essenciais” para muitos. 5 É por motivos como estes que não é raro ouvirmos algo do tipo “eu não consigo viver sem o meu smartphone/tablet” e é a partir deste ponto, de uma afirmação como esta, que o vício em tecnologia pode ser detectado e alguns problemas em saúde como a Nomofobia (No mobile phobia, medo de não estar com o celular), síndrome da vibração fantasma, síndrome do toque fantasma e outros distúrbios, 6–9 são cada vez mais frequentes na população. Evidências também apontam para que a distração causada pelo celular, no trânsito, contribui para elevar o risco de acidentes. 10

O uso excessivo das novas tecnologias de mídia tem sido associado também à distúrbios do sono, pois as pessoas têm o costume de levar seus gadgets quando vão para a cama, utilizando-os antes de dormir6, mantendo-os ligados durante o sono11 e, com muita frequência, interrompem o sono para checar as informações que “saltam” na reluzente tela do aparelho. Um dos caminhos para a explicação do por que o uso das novas tecnologias de mídia esteja associado a distúrbios de sono, seja talvez, o fato de que a luz artificial emitida pelos gadgets interfira no ciclo claro-escuro do relógio biológico12 e, por conseguinte, a secreção de melatonina. 13 Para as crianças e adolescentes o problema pode ir além desta questão biológica. Os mais jovens parecem ter mais fascínio por tecnologias14, 15 e gastam elevado tempo utilizando-nas. 16 Além disso, esta população apresenta maior facilidade para o manuseio destas tecnologias, e isto, os coloca em exposição a um gigantesco volume de informações online, cujo conteúdo muitas vezes é impróprio para a idade. Para eles, uso exacerbado de tecnologias e mídia pode acarretar em problemas alimentares, agressividade, de comportamentos sexuais, uso de substâncias e dificuldade acadêmica. 17 A praticidade dos gadgets, pode ainda, dificultar o controle dos pais sobre o tempo de uso e a qualidade do conteúdo acessado. 18